segunda-feira, 19 de março de 2012

E assim contam as areias...


Os meus velhos ouvidos contam que tudo começou quando o prisioneiro do norte foi encontrado. Não havia nada com ele alem de trapos velhos e rasgados que ele vestia. Nem mesmo a memória fazia parte dos seus bens. Ele ardia em febre e delírios quando o Khan ordenou que fosse cuidado. As Me’shans Tre’sha e Bond trataram de atender ao chamado e cuidar dos ferimentos, e ainda assim. Ainda ardendo em febre este homem sem passado ergueu-se na noite e matou dois dos homens do Khan. Eu vi, com esses olhos que as dunas um dia hão de cobrir. Ele os abriu em dois. Como se fossem feitos de Papiros. Alguns diziam que o mal estava no sangue daquele homem que foi acorrentado e jogado para os serviços baixos da tribo. A anciã dizia que era culpa da Tajuk que estava sob a guarda do Khan. Uma mulher que fora encontrada vagando perdida em meio as areias e que alegava pertencer a tribo aliada dos Aretai. Kamal viu ali uma forma de ter uma aliança, e não só ele. O Cozinheiro Hellmuth também enxergou na mulher uma forma de subir na vida e a pediu em contrato. A Tajuk parecia ter se rendido aos encantos do rechonchudo cozinheiro e aceitou e nem mesmo o castigo que ela recebera por tratar mal um guerreiro da tribo, nem mesmo estar sob o colar por 1 mão, nem isso parecia apagar a determinação de Hellmuth em seu unir a sua “tajukita” como o barbarian cantava aos 4 ventos.
Enquanto isso, a Bond dava sinais de melhoras em seu aprendizado. A escrava dançarina do Khan se incubia de ensina-la a servir, a sentar e as posturas que uma me’shan deveria ter. Os homens do acampamento agradeciam a visão tão diferente do dia em que a pobre coitada Bond resolveu se pintar sozinha e aparecia diante do Khan e seus homens pintadas como um daqueles artistas de teatro mambembe. Como um espantalho feito para proteger as plantações de Sa’tarna. Então eis que chegava um novo estrangeiro. Um homem vindo do Vosk. Fora encontrado perdido, dizia que sua caravana havia sido atacada por criaturas que mataram seus irmãos de batalha. Mais um estranho fora acolhido na tribo e cuidado. E pelo que esses velhos ouvidos puderam escutar, ele andou se encantando pelo jeito faceiro da Bond.
Foi então que aconteceu novamente. Os homens escutaram os gritos que vinham do pasto dos verrs. Eram gritos horrendos, que se misturavam às lamurias da anciã. O Khan seguiu para La com outros homens e com o viajante do norte. Galo, sim era este seu nome. Eles foram em defesa das vozes que gritavam, mas como vencer o que não se pode ver? Eles nem sabiam de onde vinham os golpes quando eu pude ver os olhos de Kamal vidrarem. Eles estavam focados em mim quando a Tre’sha gritou em desespero. Quando Galo tentava livrar-se da Kaiila desesperada que o havia atacado. Havia sangue do Khan nas areias. A criatura transpassara o abdômen dele com a garra e o erguera alto jogando=o contra a árvore. Eu vi Kamal cair. Vi a Kajira fugir em desespero, vi Galo, o estrangeiro, coloca-lo nos ombros e sair dali. Vi quando Galo foi atacado e teve o rasgo em suas costas e ainda assim, o  homem seguiu bravamente para longe do pasto. Kamal ainda respirava e apartir daquele dia, devia sua vida a Galo.
Foram dias ate que kamal pudesse despertar do sono que os ferimentos lhe causara. E quando ele abriu os olhos, já quase não se podia caminhar sobre as areias do camp. A chuva caia violentamente, derrubava tendas, o Oasis antes tão belo e colorido agora jazia cinza sob o castigo das águas. Foi então que resolveram partir. No mesmo dia em que uma jovem de Kazra, filha de Saran pedia abrigo ate que a caravana de seu pai viesse resgata-la. Ela trazia consigo dois escravos. Kamal concedeu, mas avisou que estávamos partindo do camp em busca de um lugar mais seguro. Meu Khan sempre foi um homem de coração bom. Sempre se dispôs a ajudar a todos. Um tolo. Eu, Yassif, diria. Ele deveria ter me escutado desde sempre e cortado a cabeça do prisioneiro, da naturalista e do tal homem do vosk. Era o que a anciã dizia. E em quem mais devemos confiar se não em nossos anciões que já viveram tudo que esta vida pode mostrar?! Mas ele a aceitou e foi o inicio do caos.
Partimos ao cair da noite naquele mesmo dia. As caravanas foram separadas e tudo que vou dizer aqui eu soube pelo que meus irmãos de scmitarra me contaram. O Khan dividiu a tribo em grupos para que pudéssemos encontrar abrigos que coubessem a todos e seguiu pela cordilheira quando as criaturas surgiram. Misturadas em meio ao manto da noite, apenas seus olhos vermelhos eram vistos quando eles arrastavam homens, mulheres, escravas, por pouco a Bond não foi pega.. ou a dançarina. Por pouco a tajuk não fora levada, alguns juram que ouviram algo sussurrar “me entregue” mas no desespero em que estavam para fugir daqueles que não se podem ver, eu me pergunto entregar o que? A vida, as armas, as jóias?! Não importa. Meu Khan conseguiu leva-los em segurança para o pico da montanha e fora La que ficaram ate que a chuva parasse de cair. E foi quando os outros grupos voltaram a descer dos abrigos também e retornamos para o Oasis para ver o que ainda havia sobrado. Perdemos muita coisa, mas naquele dia... o Lar torvis voltava a brilhar, com uma surpresa que iria mudar a vida dos sinjara para sempre.

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